A Associação de Antigos Alunos da PUC-Rio (AAA) está comemorando 70 anos. É uma longa história conectando destinos. Na segunda Conversa com café, um AAA recebe Carlos Alberto Serpa de Oliveira, Presidente da Cesgranrio. O bate-papo foi sobre o tema “O único caminho para o nosso desenvolvimento: Educação”, e contou com a mediação do Prof. Gustavo Robichez Coordenador Central de EAD da PUC-Rio e participação do Presidente da AAA, Ricardo Lagares.
Durante a conversa, também ex-aluno de Engenharia, Serpa falou da sua experiência e vivência como acadêmico, e de como virou professor. Seu sonho desde a época da escola sempre foi de entrar para uma universidade, até que passou para a PUC e tornou-se engenheiro industrial metalúrgico. Na sua época de estudante, ele conta que como poucos alunos, o convívio com os professores era muito próximo e era como se eles fossem uma família mesmo. Logo após se formar, um professor se aposentou, e Carlos Alberto foi chamado para substituí-lo. Na época o sistema de matrículas era diferente, e ele voltou para dar aula para os amigos próprios que foram reprovados. E assim, ele descobriu o lado ruim de ser professor e como era maravilhoso ser professor.
– Difícil ser professor, e lindo ser professor! Me apaixonei pela carreira. Eu trabalhava numa empresa de fabricação de metais não ferrosos, mas fui me seduzindo pelo magistério, pela educação e pela importância da educação. E verificar que era importante eu olhar com olhos bastante atentos para o problema da educação brasileira.
Serpa chefiou alguns laboratórios da universidade, e foi diretor do DAR. Ele começou uma carreira em prol da reforma universitária, e com isso a PUC passou a ser referência para todas as instituições de ensino superior, inclusive para as públicas. Durante o governo militar, a PUC sofreu com uma das suas maiores crises financeiras, e teve que recorrer a um empréstimo com o governo. Depois da recusa do ministro da economia, ele ouviu uma audiência com o então Presidente da República Emilio Medici, com o reitor da PUC da época. Após falar com muita seriedade sobre o assunto, Médici interrompe Serpa e questiona sobre o porquê de ele não cortar o cabelo, o que o deixou bastante incomodado, mas não deixou se abater e respondeu:
– Eu tinha o nariz arrebitado para essas coisas, aí eu virei e disse assim: Presidente, eu faço o seguinte: “Me dá o aval que eu corto o cabelo! ”Ele levou um susto e falou:“ Manda ligar pro Delfim! ”. Ele ligou, o Delfim retrucou, mas ele disse que já tinha se comprometido, então pode dar o aval do governo. E assim, conseguimos e salvamos a PUC.
Depois disso a PUC nunca mais teve problemas financeiros, graças ao trabalho das gestões que conseguiram manter. Assim foi formada uma grande família e a universidade foi se transformando sendo tratado como áreas de pesquisa. O IAG passou a ser a formação de empresários no Brasil. A PUC foi criando nome e prestígio, a qualidade ela já tinha, mas passou a ter conhecimento público disso.
Gustavo Robichez questiona o Presidente da Cesgranrio sobre a visão que ele tem sobre o futuro do país e da educação e se existe uma ponte entre esses dois mundos. Serpa se mostra bastante preocupado com o rumo atual que a educação brasileira está tomando. Segundo ele, nós não temos um projeto de educação no país que atenda às suas necessidades reais, caminhamos necessidades das pessoas que têm amor por aquilo que fazem. “Apesar de tudo pessoas que amam a educação brasileira, não aprova a peteca cair”, pontua Carlos Alberto.
O Brasil ainda é um país que investe pouco na educação, e isso é algo que precisa ser revisto o mais rápido possível, para que não se perca ainda mais tempo. Por isso a importância de se criar e falar sobre iniciativas que investem na educação, como o Endowment se faz cada vez mais necessário.
- Descobrir como a sociedade pode crescer dignamente, atendendo seus anseios e necessidades sociais. E isso se faz com educação, cultura e tecnologia.